Páginas

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O CULTO DA SUPERFÍCIE






O mistério paira e envolve a alma humana, assim também sobre tudo quanto existe. Nada nesta vida é totalmente revelado e nem sei se em outra, se houver, também é. Quem pensa que se esbarrou em alguma revelação total, seja na religião, ciência ou outras, está profundamente enganado. As coisas e pessoas não são exatamente aquilo que se revela, apenas, e nem mesmo o seu exterior – sua superficialidade. Há uma profundidade maior e melhor nisso tudo. Acredite, é muito bacana pensar sobre isso.
Há uma coisa interessante e paradoxal nisso tudo, sabia? Gritamos aos quatro cantos do mundo dizendo que desejamos a revelação, a profundidade e a verdade, mas amamos a superficialidade e assim vivemos, salvo algumas raridades da sociedade humana. Posso dizer que em muitos casos hipocritamente. Por favor, não se ofenda com isso. Estou apenas pensando nossos comportamentos sociais e, se um dia compreender-se assim e não estiver satisfeito com seu jeito de ser, então se transforme.  E por que vivemos assim e escolhemos viver desta forma [se é que escolhemos de fato]? Simplesmente porque somos uma humanidade imatura, juvenil e desconhecedora de si mesmo. Não há possibilidade de fazermos boas escolhas e vivermos mais inteligentemente, com uma espiritualidade desenvolvida, sem que busquemos nos conhecer melhor. Concorda comigo, amigo? Enquanto acharmos que sabemos tudo a nosso respeito, jamais iremos andar na direção do autoconhecimento e maturidade individual e social. Pois, sendo assim, sempre estaremos na prontidão para o culto [veneração] do exterior de si mesmo e do outro. Algumas vezes sentimos até repulsa quando um artista tira a máscara e mostra sua real humanidade. Temos a impressão que o encanto acabou. Meu amigo, você não tem de pensar igual a todo mundo porque você não é todo mundo. Você é você! Então, se quer viver algo diferente, seja diferente! Mas não se engane, meu amigo leitor, essa transformação não acontece no simples ato de decidir. O ato de decidir enxergar a vida de forma mais ampla é apenas o início, o primeiro passo nesse novo caminho. Não pense como alguns religiosos que acham que a conversão é um fim. Não entendem que a conversão é um início da jornada. Alguns se colocam como santos e perfeitos [culto exterior de si] de tal forma que julgam e condenam àqueles que não procedem em “santidade” como eles.  A esse tipo de pessoa Cristo chamou de Fariseu [ antigo grupo religioso judaico em que a maioria de seus líderes, matadores de Cristo, eram hipócritas, desconhecedores de si e adoradores do ego e da exterioridade humana].
 Nós valorizamos as pessoas pelos cargos, funções e status quo que possuem ou mesmo pelos personagens que nos são apresentados por eles. Respeitamos os ricos, poderosos, políticos e artistas famosos como se fossem nossos deuses ou senhores. Tocamos neles, na sua superficialidade, almejando, talvez inconscientemente,  alcançar a sorte de ser um abençoado ou próspero, assim como a mulher do fluxo de sangue quando tocou o Cristo. A diferença é que ela tocou no que Cristo era – na sua profundidade espiritual.  Somos tão drásticos em nossos comportamentos que nossa alma, quando pequena, estremece de respeito até mesmo diante dos demônios sociais [políticos corruptos, ladrões, bandidos e soberbos]. Puro espírito de vira-lata! Cultuamos de tal forma certos artistas da vida que, mesmo quando cometem crimes absurdos ou hediondos, ainda assim tendemos a defendê-los. Podemos citar casos como o de Lula, José Dirceu, José Genoíno, o cantor belo, o jogador Adriano e o jogador Edmundo, que matou uma família inteira. Algumas pessoas chegam a brigar por eles. Além dos cidadãos comuns podemos citar os militantes do PT/MST. Aliás, estes, se permitíssemos, tomariam o lugar do exército brasileiro. Ridículos! O amigo acha isso sadio? Eu acho que não! Penso que é doentio, mas normal em meio à nossa sociedade. Anormal são aqueles que dão importância às pessoas pelo que são e não pelo que aparentam ser ou pelo que possuem.
Passamos a vida toda investigando as pessoas e deduzindo-as, sempre buscando saber sobre sua exterioridade. Mas, e a sua interioridade? Desta temos medo! Sim, somos assombrados pelo mistério de ser. Temos medo do que está oculto. Talvez seja este um dos motivos pelos quais vivemos na superficialidade de si e do outro. Temos sim medo da verdade do que somos e de nossas capacidades para fazer o bem ou o mal, tendo tendência maior para este último. A sociedade ou parte dela se revolta quando proclamadores da verdade revelam as escuridões sociais “raça de víboras!”. Somos capazes de matar, como na cruz do Cristo, àqueles que nos apontam quem realmente somos, àqueles que mostram que vivemos em função do que há fora. Ou você acha, meu caro amigo leitor, que não mataríamos Cristo novamente? Até brinquei outro dia, conversando com um amigo, dizendo que Cristo não voltou até hoje com medo de ter uma morte pior. Certo é que preferimos a escuridão e o engano. Preferimos ficar dentro da caverna de Platão. Preferimos ser manipulados e viver de ficções, pois me parece que a verdade dói no espírito humano.
Falando sobre a verdade que dó e machuca os fracos [maioria de nós], lembro-me do que foi feita com a cabeça de João Batista, com o corpo de Cristo. Lembro-me do corpo de Giordano Bruno ardendo em chamas, do tiro que deram em Gandhi, entre outros crimes sociais contra as pessoas que traziam revelações profundas sobre nosso ser. Fizemos isso porque essas pessoas de luz nos incomodavam [aos que estão em trevas]. Sabe o que o evangelho de João falou sobre isso? Relembre comigo, amigo: “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” [João 1:5-11].
As pessoas não estão interessadas na verdade, pois esta penetra na profundidade de seu ser, revela seus medos, desejos, paixões, mostra seu lado escuro e monstruoso. As pessoas estão interessadas em verdades que mintam, enganem e que satisfação seu ego. Só finalizo isso dizendo que a verdade que não é verdade dói muito mais. Talvez você, caro amigo, não pense nisso agora, mas um dia poderá pensar no tempo que perdeu vivendo um engano. Muitas pessoas só se dão conta disso diante de algum caos social, de saúde, financeiro ou em outros setores da vida humana. Conheço um amigo que é altamente apegado aos seus bens. Há algo de errado em quere ser bem-sucedido financeiramente? Claro que não! Mas não podemos permitir que as riquezas se tornem nosso senhor. Desse mundo nada levamos e devemos cultivar os valores espirituais dentro de nós. Cristo disse certa vez que devemos “juntar tesouro no Reino dos céus, onde a ferrugem nem a traça corroem”. Acho que você já deve ter ouvido falar nisso.
Veneramos formas, cores, raças, e conteúdos culturais. Na maioria das vezes não o fazemos conscientemente, pois é uma cultura imposta, já agregada à nossa genética. Por isso não conseguimos, muitas vezes, entender certos comportamentos nossos. Quando uma pessoa não possui o tipo de beleza que nos interessa, então sentimos imediatamente a repulsa. Da mesma forma acontece em relação à cor ou raça ou profissão ou tipo de arte produzida. A pessoa pode ser extraordinariamente espiritual, mas se não tiver as características exigidas, então sofrerá até conseguir seu respeito. Se conseguir.
Talvez seja por medo da reação social que evitamos mostrar quem realmente somos ou mesmo descobrir quem somos. Temos medo da rejeição de si e do outro. Como a sociedade cultua imagens exteriores, então apresentamos a ela nossos vastos personagens, adequados a cada situação. Da mesma forma ela a nós. Por isso que políticos, em época de campanha, beijam criancinhas, abraçam velhinhos e estão sempre voltados para as necessidades sociais do povo. Aquilo são eles? Não, meu amigo. Aquilo é um personagem montado para enganar o povo. Normalmente funciona. Quem é bom não precisa desses personagens. É bom o tempo todo. Porém sem as veneradas máscaras, os políticos não são eleitos. Muitas vezes somos pessoas ruins que apresentam personagens bons. Porém dentro existe um vazio de bondade. Por isso sempre digo que a bondade é um processo, muitas vezes lento. Você vai se transformando numa pessoa melhor e mais consciente de si a cada processo de vida que te acontece. O surgimento da bondade deve acontecer de dentro pra fora e não o contrário. Também somos capazes de sendo pessoas boas, mostrar, por algum motivo ou trauma, um personagem ruim.
 O problema é que, por desconhecimento de nosso interior, não reconhecemos que o personagem é apenas uma imagem. Quando percebemos a imagem personagem, então somos capazes de mudar a imagem. Mas um problema maior ocorre quando saímos de uma imagem falsa para outra imagem falsa. Isso acontece com frequência nos convertimentos sociais e religiosos. Já se perguntou a que você se converteu? Sua mudança acontece para si ou simplesmente para mostrar uma imagem positiva e/ou diferente. Fico com o dito bíblico “quem for sujo [decidiu ser assim], suje-se mais. Quem for limpo, limpe-se mais ainda”.
Meu caro amigo, você é quem precisa escolher o tipo de vida que quer e onde quer viver sua vida, dentro ou fora do corpo ou se gosta de ser venerador de imagens externas, superficiais, apenas. Se foi isso que escolheu, então continue assim. Mas se quer ir, além disso, então comece a pensar o mundo e a si mesmo a partir do todo [interno e externo] e se apegue primeiro aos princípios espirituais.

Abraço e que Deus nos abençoe, sempre!

MAGNO HOLANDA
VISITE O NOSSO TWITTER

Nenhum comentário:

Postar um comentário