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sábado, 21 de fevereiro de 2015

O NOME DA ROSA




Era uma vez...
Foi num dia muito quente e escuro... enquanto a luz brilhava lá fora, dentro de Sérgio predominava a escuridão das incertezas, negativismo e decepção... quando se esbarrou nela, a mulher que mais o iluminou e escureceu, trouxe-lhe certezas e dúvidas. Ela era universal, ao menos na aparência: seu cabelo longo e desafinado, sua pele pura e real, seus olhos eram os mais simples e encantadores que já viu, seu sorriso revelava a religiosidade cristã e seu corpo, em uma sandália havaiana, era de uma modelo dispensada.
Nos umbrais da religião tradicional houve uma penetração de um olhar até a divisão da alma e do espírito onde os dedos e os olhos faziam esta conexão numa transferência de uma energia cósmica inexplicável, mas que não foi suficiente para que lhe trouxesse certezas, porém apenas alguns achares. Por diversas vezes encontraram-se; ora no corpo, ora no espírito, ora na alma. A pobreza acompanhava a ambos, porque ele também era pobre e pedinte, mas sempre a amou em seu silêncio tímido e perturbado.
Por diversas vezes tentou declarar-se, mas... sua incerteza o impedia. Tentava de novo... sua timidez o incapacitava e desmerecia. Neste chove e não molha a rosa viajou, soprada por um vento, para São Paulo sem que nem mesmo lhe desse um adeus e... o coração de Sérgio ficou triste e arrependido, então com um balde de água para cima e para baixo ele viajou diversas vezes para São Paulo em vários aviões que atravessavam, como estrelas, o céu da Paraíba: em uma de suas viagens Sérgio perdido terminou encontrando-a com uma ajudinha do senhor destino que adora dar uma de santo casamenteiro. O ruim disso tudo era quando ele caía na real, pois percebia que estava tão perto no espírito, mas tão longe no corpo e na coragem.
Sérgio vivia numa fome, miséria e solidão... até que anos depois soube por uma colega que a rosa havia retornado, então seu coração se encheu de alegrias e... incertezas. Depois de dez bem passados anos, Sérgio encontrou a rosa sem nome numa fila para receber alimentos doados e ambos esconderam-se para não revelar suas pobrezas e... a timidez o proibiu de falar sequer com ela. Poxa, tentei consolá-lo, mas foi muito difícil, pois acabara de saber que ela estava casada com um inimigo desconhecido e que era incapaz de lhe sustentar. Ficava dias e dias só imaginando sua perda, com ciúmes e ligado no imaginário de como seria a relação sexual dela. A solidão o incriminou, julgou e prendeu por ter sido tímido, indeciso e pela impureza de pensar e desejar o corpo magro e pobre de uma mulher casada e infeliz... ambos sumiram na imensidão do tempo... Nunca souberam o nome um do outro... e viveram separados para sempre...

Magno Holanda

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