...um
olhar distante... um olhar profundamente dentro
"... e deitado no sofá
laranja, pela madruga, por volta mesmo das onze da noite, com uma calça branca
e blusa amarela, listrada, cor sim, cornão, Mithiel colocou-se a pensar no
encanto daquele olhar..., perspicaz.
Levantou-se então, dentro daquela casa
simples, limpa... sem poeira alguma... indo em direção a cozinha,,, um gole de
café e nada mais,,, nada mais havia ali, talvez amor, de um tempo ou atemporal.
Olhava firmemente para aquela
mesinha simples, pequena, de madeira dura, rústica e se identificava com aquilo
tudo. Mithiel era envolvido pelo amor dos que amam, sem interesse...
... mas o olhar dela, não pertencia
somente a ele, embora os lábios dissessem diferente. A cada esquina aquele
olhar via um amante... uma possibilidade de amar..................
sorrateiramente.
Coitado do Mithiel, anjo, sem força,
aprisionado por um olhar... ora angelical, ora infernal.... mas um olhar.
... outro caído, assim como Mithiel,
levou-a. Se foi sem dizer para onde e sem dar-lhe explicação alguma, enquanto
isso, o anjo cantava “chão de giz” com uma harpa que roubara de Deus....
...Enquanto cantava, sua alma pegara
um papel e começara a escrever:
...até a tua ausência me deixou
e fugiu juntamente com tua presença... deixando-me aqui nessa neutralidade
existencial. Os cheiros de tuas lembranças, indefinidamente, ora boas ora
ruins, estão no meu relógio de parede, no caminho antes trilhados em tua busca
e na imaginação de teu lado bom me olhando desde teu espaço distante e
eterno... sonho ... pesadelo de ter o que tive e que ainda tenho mesmo não
tendo."
O amor do anjo não é um recorte,
mas foi condenado, não se sabe por quem, a amá-la ao longe, porque a
aproximação dela destrói o amor platônico de Mthiel... que vive até os dias
atuais na escuridão dos que amam sozinhos....
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