QUEM TE DEU O DIREITO DE SER
QUEM SOU?
O ser humano em meio a suas
inquietações quer encontra o significado da [ou de sua] vida e não aceita
explicações vagas e simplistas ou mesmo que contrariem àquilo que lhe interessa.
Mas para descontento humano, a vida, apesar de encantadora e monstruosa,
segundo nossos conceitos e sensibilidades, em qualquer forma de manifestação,
simplesmente é. Sem significação alguma! Precisamos aplicar-lhe significados
através de nossos conceitos. Foi assim que Deus se apresentou para Moisés “Eu
sou o que sou”. A racionalidade humana atribui significados às pessoas, às coisas
e aos acontecimentos. Isso á válido, mas para alguns, isso não os preenchem e
querem algo mais profundo para agradar seu ego. O Narcisismo humano não aceita
isso, pois entende que, independente dos conceitos humanos, é especial e
importante ser do universo. Queremos descobrir essa importância e significação
dadas pelo universo ou por Deus, segundo nossas crenças egóicas.
Acho que, talvez, não estejamos
interessados em saber quem somos, mas em saber o que somos capazes de ser e,
mesmo ficticiamente, descobrir-se e compreender-se como ser privilegiado em
meio aos outros. Esses fenômenos acontecem em todo e qualquer lugar
social. No meio político, tenta-se ser mais
esperto e elevado que os outros, mesmo que sejam necessários meios ilícitos,
dentro da convenção social. No meio religioso, vemos diversas pessoas lutando
por cargos e destaques. Totalmente dominados pelo ego. Até mesmo os discípulos
de Cristo caíram nessa armadilha do ego: “quem será o maior no reino dos céus?”.
Cristo respondeu: “aquele que for o menor”. Isso retira a vaidade de nosso ser?
Claro que não. Ela está em toda forma de ser. Não há como fugir da vaidade, mas
podemos evitar a dominação de nosso ego.
Todos, devemos, sim, aplicar algum significado
a nossa existência e tentar compreender-se o mais profundo possível. Mas não
podemos cair na malha do narcisismo de nosso ego. Podemos construir uma vida significativa
e desenvolver as habilidades e poderes existentes me nós, sem jamais pensar que
temos de ser, necessariamente, especiais ou diferenciados.
Nessa busca desenfreada por ser
diferente e especial dentro uma massa popular, queremos, às vezes, aplicar uma
significação que, talvez, não exista. Somos capazes, talvez ingenuamente, de
nos transformarmos em outra pessoa largando a si mesmos e suas outras
possibilidades de ser no tempo. Algumas destas formas assumidas são sadias,
outras, no entanto não fazem bem ao seu praticante e não promovem orgulho e
satisfação à sua alma. Mas é bom sempre lembrar que não dá para todos brilharem
com intensa luz ou mesmo com luz própria, apesar de capazes em algum lugar de
si, ou ainda é necessário compreender os diversos aspectos da dominação de uns
sobre os outros. O apóstolo Paulo falou que uns brilham como o sol, outros como
a lua e outros como as estrelas.
Há algumas experiências que são
pura experimentação da loucura ou mesmo da demência de esquercer-se totalmente
de si para viver uma ficção.
Uns tornam-se fiés seguidores de
um mestre, cantor, palestrante, líder, entre outros, de forma tão intensa que
olhar para ele é ver, de certa forma, seu ídolo. A pessoa bebe tanto daquela
fonte que venera que se assemelha a ela e começa agir e pensar de modo igual. Quem
nunca viu a semelhança de duas pessoas que andam costumeiramente juntas? Elas
começam a se imitarem, até mesmo inconscientemente. Temos essa tendência de
quanto mais perto mais somos contagiados por aquela forma de ser. Quanto mais
você se aproxima de uma pessoa má, pior ficará, salvo alguns casos. Quanto mais
se ler livros de um ator mais se começa a pensar como ele. Estará cheio dele. Quanto
mais amar mais revelará Deus. Somos imitadores! Isso é natural, mas não podemos
assumir formas que descaracterizem o nosso ser e nos impeçam de viver a nossa
própria vida. Paulo disse: “sede meus imitadores como sou de Cristo”. Ou seja,
estejam sempre perto de mim, de minhas ações e crenças que estarão de certo
modo perto de Cristo.
Continuando nesse tema da imitação de outro
ser, há pessoas que largam extremamente tudo o que são para viverem uma imagem
projetada pelo ídolo. Nesse narcisismo “desgraçado” e na angústia de não ser o
que desejaria ser, tenta-se pegar carona no sucesso dos outros. Um quer ser
Michael Jackson, outro o Pelé, outro o Elvis e ainda os que querem ser o
próprio Cristo [coisa que o Cristo não autorizou, pois este apenas quis que as
pessoas fossem seus seguidores, jamais assumir seu lugar na forma de ser,
respeitando o ser individual de cara um]. Alguns são tão ridículos que chegam a se
caricaturar. Sabe o que é uma caricatura? É uma imagem exagerada de outro ser. Tipo
a pessoa que quer imitar outra e o faz de forma ridícula e exagerada. Por exemplo,
pessoas que vivem como se fosse o boneco Ken, a Barbie, os travestis que querem
imitar as mulheres, fazendo uma voz de pato e com roupas extravagantes [lembrando
que não há aqui nenhum preconceito], entre outros. Quem te deu o direito de ser
quem o outro é? Não seja uma pessoa oca de si e preenchida por outros
espíritos. Não escolha viver uma personagem. Seja você mesma. Não se abandone
para viver uma imitação. Não construa essa significação para sua vida. Você possui
dons e vocações capazes de te fazer importante e feliz consigo mesma.
Deus abençoe a todos!
MAGNO HOLANDA
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